Uso do magnésio no tratamento de distúrbios neurológicos e emocionais

Mesmo uma pequena deficiência de magnésio pode aumentar a sensibilidade a barulhos e causar nervosismo, irritabilidade, depressão, confusão, contrações espasmódicas, tremores, apreensão e insônia. Imagine conseguir acabar com esses sintomas sem usar drogas perigosas! O magnésio é o melhor remédio para tratar depressão, distúrbios do sono, distúrbios emocionais e doenças neurológicas por ter um forte efeito calmante e alimentar o sistema nervoso.

Vem aumentando o número de provas que apontam que baixos níveis de magnésio podem contribuir para o depósito de metais pesados no cérebro, causando mal de Parkinson, esclerose múltipla e Alzheimer. Muitos dos sintomas do mal de Parkinson podem desaparecer através da suplementação com altas doses de magnésio. Em um ensaio realizado com 30 epiléticos, uma dose diária de 450 mg de magnésio permitiu que os ataques fossem controlados. Outro estudo mostrou que, quanto mais baixos os níveis de magnésio no sangue, mais grave era o quadro de epilepsia. Em geral, pode-se obter melhores resultados através da combinação do magnésio com vitamina B6 e zinco.

O magnésio é essencial para regular a excitabilidade do sistema nervoso central; por isso, a deficiência de magnésio pode causar comportamento agressivo[1], depressão ou suicídio.[2] O magnésio acalma o cérebro, e não é necessária uma deficiência grave de magnésio para que uma pessoa se torne hiperativa. Um estudo baseado em medições de eletroencefalogramas[3] confirmou suspeitas de que a ingestão marginal de magnésio superexcita os neurônios cerebrais e resulta em redução da coerência, gerando cacofonia em vez de sinfonia.[4]

Deficiência de Magnésio no organismo

Se a deficiência de magnésio for alta, o cérebro sofrerá consequências. Dificuldade de raciocínio, confusão, desorientação, depressão profunda e até as terríveis alucinações do delírio são sintomas causados em grande parte pela falta desse nutriente. A ingestão de magnésio resulta em uma melhora desses sintomas. Estes são alguns sintomas comuns à esclerose múltipla (EM) e à deficiência de magnésio: espasmos musculares, fraqueza, contrações espasmódicas, atrofia muscular, incontinência, nistagmo (movimentos rápidos dos olhos), perda de audição e osteoporose. Pessoas com EM também sofrem de epilepsia com mais frequência do que seus pares de grupos de controle, um sintoma relacionado à deficiência de magnésio.[5]

É sabido que, durante a TPM, as mulheres sentem necessidade de comer chocolate. Alguns pesquisadores acreditam que isso ocorre no período pré-menstrual porque o chocolate contém magnésio. A revista da Associação Norte-Americana de Cardiologia gerou comoção ao informar sobre um estudo em que 22 receptores de transplantes de coração foram divididos em dois grupos: um recebeu doses de chocolate amargo e outro de uma imitação de chocolate. Apenas duas horas após comerem o chocolate verdadeiro, os pacientes apresentaram melhoras mensuráveis em termos de fluxo sanguíneo, função vascular e formação de coágulos comparados ao grupo que recebeu o placebo, que não apresentou mudanças no quadro.

A necessidade de comer chocolate pode indicar a deficiência de magnésio, componente presente em altas quantidades no produto. Embora seja amplamente aceito que o chocolate afeta o humor, poucos vêem a relação entre o magnésio e as emoções. É comum as pessoas afirmarem que, após comerem chocolate, ficam mais bem-humoradas e dispostas. A melhora de humor é temporária e, quando o efeito passa, ele volta ao que era antes. A utilização do magnésio com orientação médica permite atingir o objetivo de mudança do humor de maneira mais eficaz, sendo a administração pela via transdérmica a mais recomendável. O teor de magnésio do chocolate não é suficiente para uso medicinal, e sua utilização para esse fim é desaconselhável devido à grande quantidade de açúcar contida na fórmula da maioria dos chocolates. O cloreto de magnésio natural (óleo de magnésio) é mais eficaz quando se deseja aumentar os níveis de magnésio das células para melhorar o humor.

A deficiência ou o desequilíbrio de magnésio tem papel crucial nos sintomas relacionados aos distúrbios de humor. Estudos de observação e experimentais encontraram relações entre magnésio e agressão[6],[7],[8],[9],[10], ansiedade[11],[12],[13], TDAH[14],[15],[16],[17], distúrbio bipolar[18],[19], depressão[20],[21],[22],[23] e esquizofrenia[24],[25],[26],[27]. As duas principais exigências para o funcionamento normal do cérebro são energia suficiente e níveis otimizados dos componentes bioquímicos necessários para a transmissão de mensagens. O magnésio é essencial para a produção de energia e biotransmissores, bem como para a integridade da barreira hematoencefálica. Estudos da área da neurociência mostram a relação entre o magnésio e distúrbios neurológicos. [28]

A depressão e outros distúrbios emocionais podem ser solucionados de maneira direta através do uso de magnésio. Existe uma relação íntima entre como nos sentimos e as condições de nossas células. Se virmos nossas células como um microcosmo de nós mesmos, veremos como a degeneração celular pode afetar todos os aspectos do nosso ser. Quando as células estão abertas, permeáveis e saudáveis, ficamos felizes, bem dispostos e otimistas. No entanto, quando as células ficam rígidas (devido ao excesso de cálcio e à insuficiência de magnésio), elas se fecham e tornam-se tóxicas, podendo causar depressão, falta de ânimo e pessimismo. As condições das células nos afetam fisica, emocional e espiritualmente.

Células saudáveis são permeáveis, permitindo a passagem e a absorção eficiente de nutrientes, bem como a eliminação dos subprodutos tóxicos do metabolismo. Em células saudáveis, tem-se a polaridade correta, ou seja, há potássio e magnésio dentro das células, bem como sódio e cálcio fora delas. Estas são células saudáveis, que promovem um bom funcionamento físico e emocional do organismo. Células doentes não são permeáveis, de modo que o sódio e o cálcio penetram nas células, havendo perda de magnésio e potássio.

REFERÊNCIAS

[1] Bernard Rimland. Embora nenhum paciente tenha se curado com o tratamento à base de vitamina B6 e magnésio, em diversos casos houve melhora significativa. Em um dos casos, um paciente autista de 18 anos estava prestes a ser expulso do terceiro hospital para doentes mentais da cidade onde morava. Nem mesmo doses altíssimas de remédios faziam efeito, e ele era considerado violento e agressivo para permanecer no hospital. O psiquiatra decidiu tentar a abordagem de uso da vitamina B6 com magnésio como último recurso. O jovem acalmou rapidamente. Durante uma reunião, a psiquiatra relatou que havia visitado a família recentemente e o jovem autista havia se tornado um portador de autismo agradável e sociável, tocando guitarra e cantando para ela. http://www.autism.org/vitb6.html

[2] C. M. Banki, M. Arato e C. D. Kilts. Aminergic studies and cerebrospinal fluid cations in suicide (estudos aminérgicos e cátions de fluido cérebro-espinhal no suicídio). Anais da Academia de Ciências de Nova York, vol. 487, edição 1 221-230, Copyright © 1986 da Academia de Ciências de Nova York.

[3] Este é o primeiro estudo experimental em que a ingestão de magnésio foi rigorosamente controlada e os resultados dos eletroencefalogramas analisados pelo computador para que fosse efetuada uma comparação estatística.

[4] http://www.ars.usda.gov/is/np/fnrb/fnrb1095.htm#calm

[5] http://www.nhfw.info/magnesium.html

[6] Izenwasser SE et al. Stimulant-like effects of magnesium on aggression in mice (efeitos estimulantes do magnésio sobre a agressão em ratos). Pharmacol Biochem Behav 25(6):1195-9, 1986.

[7] Henrotte JG. Type A behavior and magnesium metabolism (comportamento tipo A e o metabolismo do magnésio). Magnesium 5:201-10, 1986.

[8] Bennett CPW, McEwen LM, McEwen HC, Rose EL. The Shipley Project: treating food allergy to prevent criminal behaviour in community settings (projeto Shipley: tratamento de alergias alimentares na prevenção de crimes em ambientes comunitários). J Nutr Environ Med 8:77-83, 1998.

[9] Kirow GK, Birch NJ, Steadman P, Ramsey RG. Plasma magnesium levels in a population of psychiatric patients: correlation with symptoms (níveis de magnésio no plasma em uma população de pacientes psiquiátricos: correlação com os sintomas). Neuropsychobiology 30(2-3):73-8, 1994.

[10] Kantak KM. Magnesium deficiency alters aggressive behavior and catecholamine function (deficiência de magnésio altera comportamento agressivo e função das catecolaminas). Behav Neurosci 102(2):304-11, 1988

[11] Buist RA. Anxiety neurosis: The lactate connection (neurose de ansiedade: relação com lactatos). Int Clin Nutr Rev 5:1-4, 1985.

[12] Seelig MS, Berger AR, Spieholz N. Latent tetany and anxiety, marginal Mg deficit, and normocalcemia (tetania latente e ansiedade, déficit marginal de Mg e normocalcemia). Dis Nerv Syst 36:461-5, 1975.

[13] Durlach J, Durlach V, Bac P, et al. Magnesium and therapeutics (magnésio e terapia). Magnes Res 7(3/4):313-28, 1994.

[14] Durlach J. Clinical aspects of chronic magnesium deficiency (aspectos clínicos da deficiência crônica de magnésio), in MS Seelig, Ed. Magnesium in Health and Disease (o magnésio na saúde e na doença). New York, Spectrum Publications, 1980.

[15] Kozielec T, Starobrat-Hermelin B. Assessment of magnesium levels in children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) (avaliação dos níveis de magnésio em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)). Magnes Res 10(2):143-8, 1997.

[16] Kozielec T, Starobrat-Hermelin B. Assessment of magnesium levels in children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) (avaliação de níveis de magnésio em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)). Magnes Res 7(2):143-8, 1997.

[17] Starobrat-Hermelin B, Kozielec T. The effects of magnesium physiological supplementation on hyperactivity in children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD). Positive response to magnesium oral loading test (efeitos da suplementação fisiológica de magnésio em crianças hiperativas com transtorno de déficit de atenção (TDAH). Reação positiva ao teste de carga oral de magnésio). Magnes Res 10(2):149-56, 1997.

[18] George MS, Rosenstein D, Rubinow DR, et al. CSF magnesium in affective disorder: lack of correlation with clinical course of treatment (magnésio do fluido cérebro-espinhal em transtornos afetivos: falta de correlação com curso de tratamento clínico). Psychiatry Res 51(2):139-46, 1994.

[19] Kirov GK, Birch NJ, Steadman P, Ramsey RG. Plasma magnesium levels in a population of psychiatric patients: correlations with symptoms (níveis de magnésio no plasma em uma população de pacientes psiquiátricos: correlações com os sintomas). Neuropsychobiology 1994;30(2-3):73-8, 1994.

[20] Linder J et al. Calcium and magnesium concentrations in affective disorder: Difference between plasma and serum in relation to symptoms (concentrações de cálcio e magnésio em transtornos afetivos: diferença entre plasma e soro no que diz respeito aos sintomas). Acta Psychiatr Scand 80:527-37, 1989

[21] Frazer A et al. Plasma and erythrocyte electrolytes in affective disorders (plasma e eletrólitos eritrócitos em transtornos afetivos). J Affect Disord 5(2):103-13, 1983.

[22] Bjorum N. Electrolytes in blood in endogenous depression (eletrólitos no sangue na depressão endógena). Acta Psychiatr Scand 48:59-68, 1972.

[23] Cade JFJA. A significant elevation of plasma magnesium levels in schizophrenia and depressive states (elevação significativa de níveis de magnésio no plasma em casos de esquizofrenia e depressão). Med J Aust 1:195-6, 1964.

[24] Levine J, Rapoport A, Mashiah M, Dolev E. Serum and cerebrospinal levels of calcium and magnesium in acute versus remitted schizophrenic patients (níveis de cálcio e magnésio no soro e fluido cérebro-espinhal em pacientes com esquizofrenia aguda versus esquizofrenia abrandada). Neuropsychobiology 33(4):169-72, 1996.

[25] Kanofsky JD et al. Is iatrogenic hypomagnesemia common in schizophrenia? (A hipomagnesemia iatrogênica é comum na esquizofrenia?) Abstract. J Am Coll Nutr 10(5):537, 1991.

[26] Kirov GK, Tsachev KN. Magnesium, schizophrenia and manic-depressive disease (magnésio, esquizofrenia e distúrbio maníaco-depressivo). Neuropsychobiology 23(2):79-81, 1990.

[27] Chhatre SM et al. Serum magnesium levels in schizophrenia (níveis de magnésio no soro em casos de esquizofrenia). Ind J Med Sci 39(11):259-61, 1985.

[28] Murck H. Magnesium and Affective Disorders (magnésio e distúrbios afetivos). Nutr Neurosci., 2002;5:375-389: Murck mostrou muitas ações de íons de magnésio que corroboravam o potencial terapêutico em distúrbios afetivos. Análises de eletroencefalogramas durante o sono e do sistema endócrino indicam que o eixo do limbo-hipotálamo-hipófise-córtex suprarrenal está envolvido, pois o magnésio afeta todos os elementos desse sistema. O magnésio consegue suprimir a ignição do hipocampo, reduzir a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e afetar a sensibilidade adrenocortical ao ACTH. O papel do magnésio no sistema nervoso central poderia ser mediado através da propriedade de antagonista do N-metil-D-aspartato, de agonista do ácido g-aminobutírico A ou de antagonista da angiotensina II deste íon. Também foi demonstrado o impacto direto do magnésio sobre a função de transporte da proteína p-glicoproteína no nível da barreira hematoencefálica, possivelmente afetando o acesso de corticosteróides ao cérebro. Além disso, o magnésio amortece a neurotransmissão da proteína quinase C do íon de cálcio e estimula a Na-K-ATPase. Todos esses sistemas fazem parte da patofisiologia da depressão. Murck et al. também demonstraram que a deficiência de magnésio induzida em ratos resultava em comportamento semelhante ao depressivo, tratado positivamente com antidepressivos.